segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Roberto Cohen (sou fã desse profissional)

 Ele dá vida aos sonhos
Acompanhe aqui uma entrevista imperdível com o cerimonialista Roberto Cohen! Matéria originalmente publicada na Inesquecível Casamento Rio edição 21.

Texto: Sylvia de Castro
Foto: Aszmann
Ele vive de festas
Nascido e criado em Copacabana, do signo de leão, Roberto Cohen é dentista por profissão e produtor de eventos por vocação. Há 23 anos vive de festas, ele que nem era muito festeiro.  Neste tempo, o trabalho de cerimonialista, que cuidava só do protocolo, foi se transformando no de produtor de eventos, que cuida de tudo, do gerador ao bolo, uma verdadeira loucura! Casado com Simone e pai de Yael, Roberto produz 99 entre 100 bar mitzvahs, casamentos e outras celebrações da colônia judaica. Já organizou mais de mil festas – está beirando mil e quinhentas, adora o que faz e só reclama de não ter mais tempo para curtir a família.
Inesquecível Casamento – Quem é você?
Roberto Cohen – Sou uma pessoa de origem simples, garoto de classe média, criado para ser médico ou engenheiro. Cursei uma bela Faculdade de Odontologia, abri um consultório e, ao ser solicitado para ajudar uma amiga a preparar seu casamento, dei início a uma carreira que felizmente me realizou e me deixa feliz até hoje. Sou perfeccionista e me cobro, no mínimo, que as coisas saiam além de minhas expectativas. O óbvio não me surpreende… Gosto de surpreender e ser surpreendido. Gosto do belo. Gosto do bom e do ótimo! Gostaria de ter mais tempo para mim e minha família, mas trabalho me dá prazer e não me assusta, mas me alimenta…
Mas você ainda encontra um tempinho para dar cursos.
É. Dou curso de aspectos e noções básicas de cerimonial no campus Dorival Caymmi, da Estácio de Sá, sempre às segundas. Dou três meses, descanso três. Adoro ter contato com gente interessada, gente jovem, cerimonialistas de outras cidades, hoteleiros. E mantenho um blog, onde dou dicas e mostro o meu trabalho.

Você sempre foi festeiro? Como e quando começou a se interessar por festas?

Eu nem gostava muito de festas, mas sempre fui uma pessoa agregadora. Organizava as festas do colégio, dos amigos. Tudo começou por acaso, mas meu primeiro contato físico com casamentos foi em casa, vendo minha mãe, que era costureira, fazer vestidos de noiva.

Como acabou se tornando o produtor de eventos número 1 da colônia judaica?

Acho que eu estava no lugar certo, na hora certa! Há 24 anos, não havia homens fazendo isso, nem judeus. Eram apenas Helena Brito e Cunha e Judith Lips, por quem tenho enorme respeito, pois eu só tinha a elas em quem me espelhar. Por fazer parte da colônia judaica, eu sabia as tradições, a cultura e os costumes, o que me facilitou no início.

No que consiste o trabalho do produtor de eventos?

Em primeiro lugar, o papel de um médico, que ouve, radiografa e diagnostica, conduzindo o cliente na direção certa para realizar o evento de seus sonhos. Em segundo lugar, o papel de um arquiteto, de um técnico de logística, que planeja todos os detalhes para que não se perca o “timing” do evento e para que não haja “coisas” demais nem “coisas” de menos. Este planejamento deve obedecer ao gosto, estilo e bolso do cliente. Em terceiro lugar, o papel de um advogado, cobrando pelo cliente, representando-o em cada etapa e na montagem, exigindo de cada fornecedor que apresente o produto ou serviço contratado. E, em último lugar, o de um maestro que, com calma e placidez, rege todos os instrumentos do casamento, para que todos toquem em harmonia.
Quais os casamentos que não deixa de colocar no seu currículo?
O casamento de Georgia Wortmann e Almir Ghiaroni, por ter sido o primeiro a me divulgar tanto.  O de Carolina Dieckmann e Thiago Worcman, pela emoção do casal. O de Marcio Duek e Marcela Grynstein, por sua enormidade e ao mesmo tempo tranquilidade. O de Joana Nolasco e André Freitas, pela criatividade e beleza da natureza integrada. O de Priscilla Szafir e Benjamim Katz, pela infra-estrutura que teve que ser montada, logística e luxo. O de Julia Monteiro de Carvalho, pela classe. E o de Juliana Paes e Eduardo Baptista, pela noiva dedicada que foi.

Quais os pontos fundamentais para o sucesso de um casamento?

Noivos relaxados, recepcionando como se estivessem em casa. Serviço perfeito de valet parking. Ar condicionado. Boa bebida – gelada! Boa comida – quente! Boa música. Banheiros limpos. Isto no lado operacional. Uma boa lista, com pessoas de várias tribos e grupos diferentes, também faz uma festa interessante…
Quais os maiores pecados?
Permanecer no local mesmo após a música parar. Atrasos abusivos – tanto de noivos, como de convidados. Festas esticadas, com jantar tarde etc… Convidado de branco. Levar presente para a cerimônia ou para a recepção.

Você trabalha sempre com os mesmos profissionais?

Minha intenção é sempre preparar um casamento que tenha a personalidade dos noivos. Para que isto possa ser renovado e seja uma coisa realmente fiel a cada casal, estou sempre aberto a conhecer novos profissionais, que acabam se encaixando aos novos perfis de noivos.

Algum fato engraçado ou que você quer esquecer em alguma cerimônia organizada por você?

Um pajem certa vez escondeu a salva de prata com as alianças embaixo da cauda da noiva, em pleno altar e sem que vissem. Na hora das alianças, foi um rebu, mas elas acabaram aparecendo…

Algum gesto, algum detalhe que você quer guardar para sempre na memória?

Arrebentou em originalidade o aviãozinho de Antonia Leite Barbosa, em seu casamento na casa onde nasceu, construída por Zanine, ali na Joatinga, sobrevoando com a mensagem: “Joaquim, diga sim!” Bem carioca e a cara dela… Também me marcou muito um casamento em que as pessoas me levaram na casa delas para eu apontar o melhor lugar para a cerimônia. E eu apontei, sem saber, para o lugar onde ficava o avô na sua cadeira de balanço, vendo os netos brincar e dizendo como gostaria de vê-los se casando. Ali ficou o altar e no dia foi uma choradeira só, da família toda. Até eu me emocionei!

Como você produziria o casamento de sua filha?

Não faria para muita gente. No máximo 300 pessoas. Os anfitriões não aproveitam o grande casamento com tranquilidade. E procuraria fazer uma coisa clássica, mas não démodé, que visse daqui a uns bons anos, nos álbuns de fotografia, e fosse ainda contemporânea na comida, na decoração – o branco é sempre clássico, no lugar escolhido, na cerimônia. Para que olhassem e dissessem: “É a cara do Roberto.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário